Pois é!! Num dos
meus muitos Mundos, a Filosofia encontra-se com a Arte. Sempre! E, por isso,
hoje não posso deixar de agradecer ao motor de pesquisa do Google por me ter
relembrado uma efeméride relacionada com um mundo meu [e não um evento como a
presença da Chanceler alemã Angela Merkel em Belém de Portugal (como a
comunicação faz questão de lembrar a cada segundo)].
Se fossemos eternos
ou se perdurassemos no Tempo e no Espaço por centenas de anos, hoje, François Auguste René Rodin celebraria 172 anos de vida. Todavia, para mim, ele continua
vivo, porque soube eternizar o seu nome para além da morte. Como? Através da
sua Arte.
Resumidamente, Auguste
Rodin foi um genial escultor francês, que viveu 77 anos, entre 12 de novembro
de 1840 e 17 do mesmo mês de 1917.
Não vou traçar aqui
nenhuma biografia, porque esses dados podem vocês pesquisar: em livros,
enciclopédias, documentários, internet. [E quão bom seria se estas minhas pequenas
palavras vos enchessem de curiosidade de conhecer melhor o percurso do primeiro
escultor moderno da história da Arte mundial…]
Tal como aconteceu
com tantos outros génios e personalidades imortalizadas pela Humanidade, o seu
sucesso na história da arte não foi repentino nem automaticamente aceite e
referenciado. A sua carreira foi marcada pela incompreensão da crítica, por não
corresponder às rígidas fórmulas académicas. A título de exemplo, foi recusado
três vezes pela Escola de Belas Artes de
Paris e a sua primeira escultura (O Homem
de Nariz Quebrado, 1864) não foi aceite no Salon de Paris, visto que o júri considerava a obra inacabada, um
esboço. O que o júri não queria compreender era o facto de Rodin pretender
basear toda a sua criação no conceito de “non
finito”. A partir deste conceito, quase que ouso enunciar que ele desejaria
ser eternizado no Tempo e não morrer, para que pudesse voltar, um dia, para
terminar as suas esculturas. [não precisa de ser num dia de nevoeiro, à semelhança do nosso D. Sebastião…que,
neste momento, bem podia decidir salvar a Nação e deixar de viver em mitos e
lendas!]
Contudo, cultivou a
admiração de intelectuais e políticos [bem como o amor de algumas mulheres da alta sociedade europeia,
mas isso são outras histórias de outras artes…hehehe], tendo-se tornado,
aos 20 anos, o maior escultor vivo do mundo. Assim, ao contrário de outros
artistas, conquistou a fama em vida e as suas obras, pela originalidade e
capacidade de moldar o seu imaginário, chegaram a ser as mais apreciadas no
mercado de Arte Europeu e Americano. Hoje em dia encontram-se nos museus mais
importantes do mundo.
O que podemos concluir
desta reviravolta?
É preciso ser-se persistente para se manter diferente e original. É preciso não desistirmos dos nossos ideais, nem das nossas ideias, se queremos ser Mais e Melhores no Mundo. E também, nem
sempre temos de terminar tudo o que começamos,…porque nem sempre o inacabado é incompleto!
As esculturas mais
célebres de Rodin são: O Beijo, O Pensador e o Retrato de Balzac. As duas primeiras surgiram a partir de uma
encomenda do governo francês, em 1880, e fazem parte de um conjunto de
esculturas realizadas para a “Porta do
Inferno” (um grande portal em bronze, inspirado no Inferno da Divina Comédia, de Dante Alighieri),
instalada no Museu de Artes Decorativas, em
Paris.
Este projeto previa a execução de centenas de esculturas em menor
escala, baseadas nas personagens dos versos de Dante. Contudo e a confirmar a
característica “non finito” de Rodin,
nunca chegou a finalizá-lo, embora tenha esboçado cerca de 200 peças. Curiosamente,
é nesta produção inacabada que se centram esculturas monumentais memoráveis que
o imortalizaram.
Dada a minha natureza filosófica não é difícil adivinhar de qual delas vos venho contar a história J
O Pensador (Le Penseur, originariamente) é uma das mais famosas esculturas de bronze do
escultor.
O Pensador original tinha apenas 72 cm de altura e foi exposto pela primeira
vez em Copenhague, em 1888. Originalmente foi apelidada de O Poeta, por ser parte do portal monumental baseado na Divina Comédia. Cada uma das estátuas
presentes representava um dos personagens principais do poema épico de Dante. Esta
particularmente, representava Dante em frente aos Portões do Inferno, a refletir, ponderar e meditar profundamente sobre o seu grande poema, transfigurando os seus
sonhos num ato de criação, numa poderosa luta com a sua força interior. A enigmática imagem deste homem, segundo o próprio Rodin, «não pensa apenas com o seu cérebro, as suas
narinas dilatadas e os seus lábios cerrados, mas com cada músculo dos seus
braços, das suas costas e das suas pernas, com o seu punho crispado e os seus
dedos dos pés contraídos.» A escultura apresenta-se nua porque Rodin
pretendia personificar uma figura heróica (inspirado em Michelangelo) para
representar o pensamento e a poesia. Assim, no ano seguinte, a estátua recebeu o nome de O Poeta Pensador, e mais tarde intitulou-se apenas de O Pensador.
A sua primeira
versão foi criada (72 cm), aproximadamente, em 1880. Mas, Rodin decidiu aumentar as
proporções do seu trabalho e, em 1902, ampliou O Pensador para 1,83 metros de
bronze, acrescentando-lhe um pedestal de 1,63m,
totalizando 800 kg. Esta inspirada
estátua monumental teve a sua primeira exibição pública em 1904.
O Pensador tornou-se propriedade da cidade de Paris devido a uma contribuição
organizada pelos admiradores de Rodin e, inicialmente, foi colocada em frente
ao Panteão (1906). Todavia, em 1922,
foi transportada para o atual Musée Rodin.
Durante a sua vida,
Rodin permitiu que as suas esculturas fossem reproduzidas sem qualquer controlo
e concedeu ao Estado francês a custódia da sua obra e direitos de reprodução. Rodin
optou pelo bronze em detrimento do mármore para que fosse possível a reprodução
autêntica das suas estátuas sem qualquer decréscimo de qualidade, uma vez que
seriam criadas a partir de um molde de gesso.
Assim, foram
reproduzidos 25 exemplares d’ O Pensador, que podemos procurar e encontrar em vários museus à volta do mundo. [Cá está um excelente e feliz motivo para viajar pelo Mundo…
Procurar Os Pensadores, já que há tanta falta deles!!!] Alguns destes exemplares são versões ampliadas da obra original,
existindo esculturas de diferentes proporções. O Musée Rodin distinguiu as edições originais das posteriores,
integrando os 25 exemplares como uma única tiragem da escultura.
Curiosa e paradoxalmente
com o início da vida artística de Rodin, é em Paris (a cidade que ‘vetara’ a
primeira obra de Rodin) que podemos encontrar o Musée Rodin (no Hôtel Biron), onde vive grande parte do
espólio do escultor e a sua história da vida. [Nem acredito que não fui visitá-lo quando estive em Paris!! E
estive tãaaaaaoooo perto, quando visitei o Hôtel des Invalides e o túmulo de
Napoleão. Bem, já tenho mais um motivo para voar até Paris..hehehe]
E quem diria que as
suas primeiras esculturas ganharam vida na cozinha da sua mãe, ao utilizar
massa para fazer pão. Como tudo pode começar a partir de experiências tão inocentes! Há mesmo coisas
extraordinárias, não há?!?
Em jeito de
conclusão, para mim, este O Pensador é simbolicamente parte da minha Filosofia, de Vida e de Profissão!
Que nunca nos falte o Pensar! E como Kant diria, “Sapere Aude” (“Ousa
Pensar [por ti próprio]”), principalmente num Mundo em que se descura o pensamento
(autónomo) na pressa dos dias.
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